Tecnologia de segurança para carros no Brasil está defasada
Maioria dos veículos populares é desaprovada em testes que avaliam estrutura dos automóveis
Natália Pianegonda
Agência CNT de Notícias
Segundo a organização, a maioria dos automóveis daqui, especialmente os populares, equivale aos comercializados na Europa em 1995. Chama a atenção, por exemplo, a fragilidade da estrutura. Desde 2010, 63 modelos – dos quais 62 comercializados no Brasil – foram submetidos a testes de colisões frontais. Ao todo, 31 receberam três estrelas ou menos na avaliação sobre a segurança dos ocupantes adultos, em uma classificação que vai de zero a cinco, porque, no impacto, não protegem de forma adequada motorista e passageiros. Desses, 21 receberam uma ou nenhuma estrela. Todos são carros populares.
A avaliação sobre a segurança para as crianças é ainda pior: 48 receberam três estrelas ou menos, sendo que 13 uma ou nenhuma.
Conforme a presidente do Latin NCAP, Nani Rodriguez, as simulações são feitas de acordo com a norma de segurança frontal da ONU (Organização das Nações Unidas), que estabelece o limite máximo de força que os ocupantes de um carro podem receber em uma colisão frontal a 64 km/h. Segundo ela, mudar esse panorama passa, necessariamente, por uma atuação mais firme do poder público. “Estão tornando obrigatório airbag e freio ABS, mas não colocam a norma de impacto. Nós comprovamos que carros com airbag e ABS continuam sendo inseguros, porque a estrutura se desarma, a estrutura é fraca. A norma das nações unidas é algo básico. Se nossos governos implementam essa norma, é algo que durará. Os governos deveriam exigir o mínimo de segurança para todos”, defende ela.
Nani Rodriguez conta, ainda, que avaliações feitas pelo Latin NCAP demonstraram que, mesmo descontados os impostos e apesar de possuírem menos equipamentos de segurança, veículos comercializados na América Latina são mais caros que os vendidos na Europa, e alerta: “É uma margem de lucro que os fabricantes estão tendo a custo de nossas vidas”. Ainda, segundo ela, no caso do Brasil, o tema ganha uma importância maior, já é exportador de automóveis para países vizinhos. Simulações indicam que em colisões frontais envolvendo veículos que cumprem a norma da ONU, a força do impacto para os ocupantes é reduzida em 40%.
A partir dos diversos testes realizados com os veículos desde 2010, o Latin NCAP divulgou um ranking de segurança das fabricantes de veículos na América Latina. Ele foi elaborado com base na média de estrelas recebidas por cada veículo após as simulações. No topo da lista, com cinco estrelas, estão Jeep e Seat (que não está presente no Brasil). No final, com nenhuma estrela, estão Chery, Geely, Lifan.
Ampliar a segurança dos veículos é uma das estratégias estabelecidas pela ONU para reduzir as mortes e feridos em acidentes de trânsito. O fórum das Nações Unidas sobre a harmonização das regulamentações sobre veículos elencou sete padrões de segurança que são considerados os mais importantes de serem adotados pelos países. Elas dizem respeito a cintos de três pontos, cintos de segurança e cadeirinhas para as crianças, redução de danos em colisões frontais e laterais, sistema eletrônico de estabilidade (que corrige a trajetória do veículo em momentos de risco, como em curvas rápidas, por exemplo) e proteção para pedestres (sistema capaz de reduzir riscos de atropelamentos). No entanto, apenas 40 dos 193 países que são membros da ONU aplicam as sete regulações mais relevantes.
Veja o ranking de segurança para fabricantes de veículos na América Latina, do Latin NCAP:
1. Jeep, Seat (5.0 estrelas)
2. Honda (4.8 estrelas)
3. Toyota (4.5 estrelas)
4. Citroen, VW (4.0 estrelas)
5. Ford (3.8 estrelas)
6. Hyundai, Peugeot, Renault, Suzuki (2.3 estrelas)
7. Nissan (2.2 estrelas)
8. Fiat (2.0 estrelas)
9. Chevrolet (1.8 estrelas)
10. JAC (1.0 estrelas)
11. Chery, Geely, Lifan (0.0 estrelas)
Para saber mais sobre o Programa de Avaliação de Carros Novos para a América Latina, clique aqui.
Com informações da Agência CNT de Notícias
Fonte: Portal do Trânsito
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