Diesel impacta custo logístico no país
A alta do preço do diesel é o principal vilão do aumento no custo logístico no Brasil, que consome 11,7% das despesas das empresas, segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC). Somam-se a este fator a dependência do modal rodoviário do transporte na produção e má qualidade da infraestrutura.
O estudo foi feito com 111 empresas que, juntas, têm faturamento que equivale a cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Revela um aumento no custo de 1,8%, entre 2014 e 2015. Houve setores com incrementos bem mais expressivos, de 30%. Agronegócio, alimentação e autoindústria cresceram, respectivamente, 14%, 9% e 3%.
No recorde regional, o Centro-Oeste sofreu o maior impacto, também de 30%. No Nordeste a alta foi de 18% e de 4% no Sudeste. “Se considerarmos que alguns setores reduziram os custos logísticos através da desmobilização, com terceirização e venda de ativos, como caminhões e armazéns, esse resultado é péssimo. Porque essas medidas representam perda de competitividade”, explica o coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral e responsável pelo estudo, Paulo Resende.
Empresas que sofreram aumentos mais severos são as que mais dependem do transporte rodoviário de longa distância. Neste caso a alta foi de 44%, fator mais representativo na estrutura de custo logístico. “Nesses casos, teve um item que destruiu a conta das empresas, que foi o aumento do óleo diesel”, diz Resende. Os transportes de produto acabado e de matéria-prima são os que têm os gastos mais altos.
De acordo com Resende, o custo logístico no Brasil provoca a perda de competitividade no mercado internacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, o custo logístico equivale a 8% da receita das empresas. Na outra ponta, o consumidor também paga mais pelos produtos. “As indústrias têm de repassar esses custos extras – ligados ao Custo Brasil – para o consumidor final. Se ela consegue, o resultado é inflação, o consumidor acessando produtos com preço maior”, explica o professor.
Infraestrutura
A má qualidade da infraestrutura viária é mais um problema para as empresas. Pesquisa da Confederação Nacional de Transportes (CNT) divulgada no ano passado mostra que 57% da malha rodoviária analisada têm problemas que podem provocar aumento no custo operacional do transporte em até 25%. Ainda de acordo com o levantamento, a melhoria das condições da rodovia é um fator fundamental para diminuir os custos logísticos.
O estudo da Fundação Dom Cabral mostra que 69,1% das empresas consideram as rodovias ruins. A avaliação é ainda pior nos moais ferroviário e aeroportuário: 95,5% e 80,8% das companhias responderam que a qualidade é muito ruim ou ruim, respectivamente.
A pesquisa aponta ainda que a participação da iniciativa privada é considerada crucial para o desenvolvimento de projetos de infraestrutura no Brasil, principalmente para a concessão rodoviária. “A lógica é que, embora seja necessário pagar mais pedágio, compensa mais a tarifa do que trafegar em rodovias ruins”, afirma o professor.
A formação de mão de obra é outro fator que tem provocado relevantes aumentos na composição do custo logístico. Para 62,4% das companhias, formar mão de obra tem um impacto muito alto ou alto no aumento extra do dispêndio. Em 70% dos casos, a alternativa é terceirizar a frota e os serviços logísticos.
Fonte: Radar Nacional
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