Comissão da Câmara vota relatório sobre motores a diesel
A tentativa de permitir a fabricação de motores a diesel para equipar veículos leves avança na Câmara dos Deputados. Será votado pela comissão Especial de Motores a Diesel para Veículos Leves, na próxima quarta-feira, 18, parecer do relator do PL 1013/11, deputado Evandro Roman (PSD-PR), que elimina restrições na produção dos propulsores, que equipam somente veículos pesados e utilitários médios. A votação prevista para esta quarta, 11, foi adiada após pedido de vista conjunta à matéria.
Na argumentação do relator, a qualidade do diesel melhorou nos últimos 30 anos, o que permite a suspensão da proibição se estende por décadas. “Tudo indica que a revogação dessas restrições não trará aumento da emissão total de poluentes de veículos nem haverá problema para atendimento do incremento de demanda desse derivado de petróleo”, declarou.
O PL foi rejeitado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável em novembro de 2014. Na ocasião, o deputado Sarney Filho (PV-MA) apresentou parecer contra a medida, com o argumento de que o diesel ainda é de sete a oito vezes mais poluente do que a gasolina.
Movimento
Nem mesmo as constantes altas no preço do barril do petróleo minam a proposta de grupos ligados à indústria automotiva e às distribuidoras de combustíveis de inserir no mercado nacional carros movidos a diesel. A produção e a comercialização de veículos de passeio movidos a diesel foram proibidos há 40 anos pelo Ministério da Indústria e Comércio, que naquele tempo, vivia a crise do petróleo e encontrou no álcool uma saída para depender menos do diesel importado.
Nos últimos anos, a proibição é sustentada com argumentos como o potencial poluidor do diesel ou o preço dos veículos com o propulsor, que precisam ser mais robustos, desta forma, mais caros.
Mas há visões contrárias e propostas discutindo a restrição. Em âmbito global, as partículas finas do diesel correspondem a 3% das mortes causadas por doenças cardiovasculares, 800 mil óbitos de prematuros e 6,4 milhões de anos de vida perdidos por morte prematura segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2013, entidade classificou estas partículas do diesel como substâncias que contribuem para a ocorrência de câncer.
De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), a indústria automotiva não vê sentido para manter a proibição, já que o diesel polui bem menos nos dias atuais.
A discussão do ponto de vista ambiental também muda de cenário com o passar dos anos. Motores e veículos de última geração estão aptos a atender às legislações mais avançadas de emissões. “A maior eficiência do diesel mais do que compensa o preço mais elevado do diesel S10. Rodam mais de 20 km com um litro em aplicação mista. Veículos diesel como os SUVs e os Jeeps, de avançada tecnologia, começam a ser produzidos no Brasil ou são importados. A prática do abastecimento com S10 está sendo disseminada e os proprietários não querem correr o risco, não só dos altos custos de manutenção, como também das emissões pelo uso de um combustível inadequado ’, finaliza o engenheiro Luso Ventura, membro da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE Brasil.
Fonte: Radar Nacional
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