270 mil pedestres morrem anualmente vítimas de atropelamento
Conseguir andar com segurança nas grandes cidades está cada vez mais difícil, pois, soma-se à violência de assaltos e furtos a qualquer hora do dia e da noite, a dificuldade de encontrar calçadas e travessias confortáveis e seguras. Segundo estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 270 mil pedestres morrem anualmente vítimas de acidentes. O número representa 22% dos 1,24 milhão de pessoas que morrem em acidentes de trânsito todos os anos.
A velocidade excessiva dos veículos e a distração de condutores e pedestres são os motivos mais recorrentes de atropelamento, além da falta de sinalização, baixa visibilidade noturna, obras na pista, entre outros fatores que podem potenciar as ocorrências. “Atropelamentos ocorrem com condutores e pedestres de diferentes perfis. Porém, condutores jovens e com pouco tempo de habilitação e pedestres idosos ou crianças ficam mais evidenciados nestas situações”, afirma Roberto Ghidini Júnior, engenheiro civil e fundador da ONG internacional Sociedad Peatonal.
Para ele, um bom desenho urbano, com ruas estreitas e curtas, travessias reguladas por semáforo e velocidades reduzidas ajudam a evitar acidentes. “As chamadas traffic calm zones fazem parte das iniciativas de países europeus para reduzir os atropelamentos, já que consistem na criação de zonas de circulação a 30 km/h com o objetivo de impor aos condutores velocidade mais compatível com a dos pedestres”, explica.
Para o presidente da Associação Brasileira de Pedestres (ABRASPE), Eduardo Daros, o pedestre precisa ter paciência e tolerância para evitar quedas e atropelamentos, visto que o trânsito favorece o transporte motorizado. A recomendação de Daros ao pedestre é fazer de tudo – andar devagar, esperar, olhar para o chão e para os lados – e atravessar as ruas com extremo cuidado. “É preciso muita atenção para proteger a integridade física, ameaçada por ambientes públicos pouco amigáveis. Dessa forma, espera-se que o risco de cair ou de ser atropelado seja o menor possível”, afirma.
Tecnologia para a segurança no trânsito
Daros acrescenta que são os próprios cidadãos, que de uma forma ou de outra, tornam os espaços públicos desagradáveis, agressivos e perigosos. “Carros, motos, bicicletas, pernas, a concepção e operação dos sinais de trânsito, a educação e treinamento para o trânsito, a formulação, fiscalização e controle de suas regras, o policiamento, a construção e limpeza das calçadas, o desrespeito ao próximo. Toda essa parafernália é concebida e operada por nós”, avalia. Para que haja mudança, ele diz que é preciso agir como pedestres e motoristas cautelosos e respeitadores do próximo. “As atitudes podem começar por garantir que a calçada em frente de onde mora seja boa, iluminada, limpa e confortável”, diz.
Apesar de nem sempre ser amistoso, o trânsito é um ambiente público extremamente democrático e, portanto, garantir segurança a todos é prioridade. Segundo o diretor da Perkons, Luiz Gustavo Campos, para resultados efetivos de redução de acidentes e atropelamentos são necessárias ações integradas de engenharia, educação e fiscalização, através do uso adequado da sinalização e de equipamentos medidores de velocidade. “Tecnologias para a segurança no trânsito devem ser entendidas como um meio de proporcionar melhor qualidade de vida para as pessoas”, destaca.
A alta velocidade é um fator que aumenta a gravidade dos acidentes. “Estudos mostram que quanto mais elevada a velocidade maior é a possibilidade de perda do controle do veículo, menor é o tempo disponível para reação e maior é a distância percorrida até a frenagem total. Trafegando a 32km/h, a distância de frenagem é de 12 metros; já a 112km/h a distância aumenta para 96 metros”, acrescenta Campos.
Ações visam diminuir atropelamentos
Para trazer mais segurança ao trânsito surgem algumas ações que visam proteger principalmente pedestres e ciclistas. Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Transportes, através da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) iniciou, em 2013, uma série de ações por meio do Programa de Proteção à Vida (PPV). Uma das ações é a CET no Seu Bairro. Com o início das intervenções do PPV, houve queda na quantidade de acidentes e atropelamentos. O número de pessoas atropeladas chegou a 7.759, em 2012. Foram 7.202, em 2013. Houve 6.482 pessoas em 2014.
Segundo o diretor de Planejamento da Companhia, Tadeu Leite, já foram beneficiadas 77 regiões com a implantação ou recuperação de 4.960 travessias de pedestres, sinalização de solo em 135.831 metros quadrados e 12.464 placas indicativas de trânsito. Além da CET no Seu Bairro, o diretor explica que estão sendo implantadas as “áreas 40″, onde a velocidade máxima é de 40 km/h. “São 15 até agora e em todas houve redução de ocorrências. No centro da cidade foram 71% de queda nas mortes por atropelamento e 18,5% nos acidentes. A cidade passará a ter como padrão máximo de velocidade os 50 km/h. As exceções são as marginais dos rios Tietê e Pinheiros, onde os limites foram baixados de 90 km/h para 70 km/h nas pistas expressas e de 70 km/h para 60 km/h nas pistas centrais”, afirma.
A fiscalização contra o desrespeito às leis de trânsito também foi ampliada com a presença de 1.850 agentes de campo, além da implantação de 890 equipamentos de fiscalização eletrônica, entre outras ações.
Com informações da Assessoria de Imprensa
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